Pesquisa feita com 372 moradores não-LGBT do Distrito Federal fez raio-x da opinião sobre quatro pontos importantes para a cidadania arco-íris. O cenário tem dois fatos positivos e um negativo.
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O levantamento intitulado "Estado laico e Questões sobre Diversidade" foi realizado pela Associação da Parada do Orgulho LGBTS de Brasília com recursos próprios. A marcha brasilense é a única do Brasil a fazer pesquisa sobre o tema que foca a cada edição. Em 2017, a discussão foi a defesa da laicidade do Estado.
A coordenação geral foi realizada pelo diretor do coletivo Welton Trindade, que também edita o Guia Gay Brasília. A coordenação de campo foi da também diretora Sônia Moraes.
Sobre o cenário traçado pelos números apurados, Trindade faz importante observação. "Não se trata de mostrar o que a população do DF pensa sobre os assuntos pesquisados, já que não entrevistamos LGBT. O nosso objetivo é saber o que os não-LGBT pensam sobre nossos direitos."
A primeira boa notícia vem das respostas sobre uma das principais demandas atuais do movimento arco-íris: a criminalização da discriminação contra LGBT. Não só a maioria é declaramente a favor (54,8%) como apenas 23,4% são contra.
A respeito da legalização da união entre pessoas do mesmo sexo, minoria dos pesquisados se opõe (33,6%). Para a coordenação da pesquisa, são positivos tanto os que são a favor (36,3%) quanto os que se declaram indiferentes (27,2%).
Nessa questão, foi feita a mesma pergunta e opções de levantamento realizado em 2017 pelo jornal O Povo e pelo instituto de pesquisas Datafolha em Fortaleza. Trindade explica a razão dessa escolha .
"Precisamos fazer o nível das pesquisas a respeito de LGBT se elevar no Brasil. O comparativo entre levantamentos é parte disso. Embora, importante frisar, a análise dentre as duas não poder ser direta, já que não entrevistamos LGBT, algo que ocorreu na pesquisa em Fortaleza. Mas serve de indício."
A expectativa de Trindade é que se somada a opinião de LGBT na pesquisa do DF os números positivos seriam bem maiores do que os apurados e com tendência a superar os de Fortaleza.
A comparação continua nas duas questões seguintes, embora a análise seja feita com outra fonte de dados: pesquisa realizada também em 2017 com a população do Recife pelo Instituto de Pesquisas Uninassau.
Na primeira pergunta, a notícia é ruim, pois maioria dos moradores não-LGBT do DF são contra o uso de banheiros públicos de travestis e transexuais de acordo com a identidade de gênero do segmento e não com o sexo dito biológico. O mesmo cenário ocorre no Recife.
Novamente, Trindade disse que caso, no levamento da capital federal, tivesse sido incluídos LGBT, os percentuais seriam próximos aos do Recife ou até mais positivos em direção ao respeito à identidade de gênero de pessoas trans naqueles espaços.
Os percentuais são bem diferentes na comparação seguinte, que trata da reação do respondente se soubesse que a filha namorasse uma mulher. No Recife, que entrevistou tanto LGBT quanto não-LGBT, as reações respeitosas à orientação sexual da filha são menores do que os registrados na pesquisa do Distrito Federal, que não incluiu dentre os pesquisados homo e bissexuais e pessoas trans.
Importante notar o que a coordenação do levantamento brasiliense chamou de itens indefinidos quanto ao seu aspecto positivo ou negativo. Estão aí dar conselhos sobre o certo e levar ao psicólogo.
"Seguimos os termos da pesquisa recifense e não vemos que nenhuma dessas reações sejam necessariamente ruins ou boas. Levar ao psicólogo, por exemplo, pode ser tanto ajuda para compreender a sexualidade quanto para reversão. Não é possível avaliar", explicou Trindade.
De toda forma, chama atenção o quanto a expulsão e casa e a agressão física são dadas como resposta mais fortemente no Recife do que na capital do Brasil.