1º de Maio escancara ativismo LGBT tóxico. É preciso que mudemos

Posts sobre a data mostram que movimento erra ao apostar no discurso que fragiliza e esconde conquistas

Publicado em 01/05/2020
Em vez de informar sobre direitos, entidades preferiram (e preferem) ideário autodestrutivo da falta

Por Welton Trindade

Limpe a mente! Tente! E leia com atenção as mensagens que vêm!

Pronto! Vamos ao trabalho! De pensar e, além, de refletir! 

Acima vemos quatro das principais entidades/redes nacionais de ativismo LGBT do País: Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Pessoas Intersexo (ABGLT), Aliança Nacional LGBTI+, Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e União Nacional LGBT (UnaLGBT). 

Ali são esses coletivos lembrando o 1º de Maio, Dia do Trabalhador. E como o fizeram? 

Não leia: "Falaram da situação de LGBT no mundo do trabalho"!

Não é justa essa leitura por um fato que é tão singelo quanto histórico: esse é o primeiro Dia do Trabalho depois que o Brasil passou a contar com lei que defende e protege LGBT contra discriminação. 

Em junho de 2019, a diversidade de orientação sexual e identidade de gênero foi inclusa na Lei do Racismo (lei nº 7.716/89). 

E o que isso tem a ver com o mundo do trabalho? Tudo! 

É límpida a norma nesse sentido. Estão nos seus artigos a vedação a impedir ou colocar obstáculos, por motivos discriminatórios, à contratação ou a promoção profissional. Isso para o emprego público e para privado.

E sabe o que determina como penalidade para quem for preconceituoso? Prisão! 

Agora sim pode-se entender de forma correta o que as entidades LGBT fizeram.

No lugar de educar LGBT a respeito da maior conquista na história do Brasil na defesa do segmento nas relações de trabalho e emprego, a escolha foi por reforçar um discurso manco de enfrentamento, um ideário autodestrutivo da falta. 

Não, não é admissível que a lembrança dessa data em 2020, depois de termos tamanho avanço, seja igual a uma que poderia ser feita em 1995.

O compromisso com a vida e a cidadania de milhões de LGBT não dá espaço para esse disparate! 

E é desolador ver que das quatro entidades, todas possuem a mesma base ideológica do terror disfarçado de gesto de acolhimento. Abraços de espinhos! 

O ponto é claro e urgente. O movimento LGBT é fundamental. Tão fundamental que, se não fosse, por exemplo a ABGLT e a Aliança Nacional LGBTI+, ambas na pessoa do ativista Toni Reis, não teríamos essa lei no País. 

Entretanto, cidadania não é feita de artigos e incisos, mas sim construída por amálgama de consciência e informação. 

Portanto, o ativismo arco-íris precisa abandonar imediatamente - já que tarda - essa postura atávica tão tóxica. 

Com, de certa forma, boa vontade, querem mobilizar LGBT pela dor, mas, ao fazer isso, apenas fragilizam quem já está fragilizado. 

Irmão siamês desse ser peçonhento e alimentado até por mentiras e espertas omissões está o discurso que apenas faz desenho ruim do Brasil.

Aí campeia, por exemplo, a forçação de barra nas estatísticas de assassinatos de LGBT pretensamente motivados por ódio, enquanto esconde-se que o País é um dos mais avançados do mundo em direitos arco-íris. 

Assim, erram! Erram! Erram!

Ninguém está aqui pedindo mentiras róseas. Não! Apenas as verdades, aquelas as quais são sempre multicoloridas! 

Falta muito para a igualdade? Claro! Demos importantes passos? Com certeza! Então por que basear a luta apenas no primeiro aspecto?

É mister cobrarmos e fazermos um movimento LGBT que encare o espelho e não veja como reflexo algo que Lula denunciou ao falar de movimento sociais em geral quando era presidente: gente que não reconhece avanços para justificar a própria existência.  


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