32 entidades processarão pastor que orou para Paulo Gustavo morrer

Entidades se uniram também em carta para reprovar de forma veemente fala de religioso

Publicado em 17/04/2021
José Olímpio da Assembleia de Deus de Alagoas
Em  carta, coletivos afirmaram que atitude do pastor precisa ser enquadrada como crime

O pastor José Olímpio da Assembleia de Deus de Alagoas será processado por homofobia por ter dito que oraria para Paulo Gustavo morrer.

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Dezenas de entidades divulgaram carta, neste sábado 17, afirmando que "é urgente que crimes como estes, motivados por homofobia, sejam enquadrados da tipificação da LGBTfobia, na lei de combate ao racismo e que punições mais rigorosas e severas sejam tomadas contra condutas homofóbicas e atos discriminatórios como o em questão."

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Nesta semana, o religioso publicou imagem do ator, que está internado há um mês em estado grave com covid-19, e escreveu: "Esse é o ator Paulo Gustavo que alguns estão pedindo oração e reza. E você vai orar ou rezar? Eu oro para que o dono dele o leve para junto de si".

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Na carta de repúdio, é dito que apenas por meio da "educação é que poderemos construir um país mais tolerante à diversidade sexual, de gênero, religiosa, política, étnica, social e cultural, tambem de pensamento político e religioso mas não de intolerância criminosa e libertinagem."

Assinam o documento 32 entidades, companhias teatrais e ativistas, como o fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB) Luiz Mott.

Leia na íntegra:

"CARTA DE REPÚDIO E REVOLTA AS AGRESSÕES PROFERIDAS PELO LÍDER RELIGIOSO DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM ALAGOAS - PR. JOSÉ OLÍMPIO

Instituições LGBTQIA + e outras defensoras de direitos humanos de todo o país, vem a público manifestar seu repúdio as agressões motivada por homofobia, escarrada pelo líder religioso da Assembleia de Deus em Alagoas - pastor José Olímpio, na última quinta-feira, 15/04, na página oficial do Instagram do pastor.

O ato criminoso de violência, praticado por este líder religioso, contra o ator Paulo Gustavo, que se encontra internado em virtude de problemas de saúde causadas pelo COVID-19, problema sério de saúde pública e sanitária mundial, fere severamente não só Paulo, mas todas as vítimas da doença, a comunidade LGBTQIA+, classe artística e a todos os cidadãos de bem que tenham bom senso e sintam empatia por seu próximo.

A intolerância e o conservadorismo, observados não apenas em crimes de ódio como este, mas também em discursos e práticas preconceituosas, presentes em diversas instâncias do cotidiano brasileiro atual, causam sérios problemas à ordem pública democrática deste país e entristece-nos saber que este não é um caso isolado, mas apenas um dos tantos casos de crimes motivados por LGBTfobia no Brasil, como foi o atentado de 15 de abril de 2021, a honra de Paulo Gustavo e todos os cidadãos decentes e de caráter libido deste país.

É urgente que crimes como estes, motivados por homofobia, sejam enquadrados da tipificação da LGBTfobia , na lei de combate ao racismo de n. 7.716/2018, e que punições mais rigorosas e severas sejam tomadas contra condutas homofóbicas e atos discriminatórios como o em questão.

Fora o tratamento jurídico específico para tais crimes, reconhecendo sua especificidade, compreendemos ainda que apenas através da educação é que poderemos construir um país mais tolerante à diversidade sexual, de gênero, religiosa, política, étnica, social e cultural, tambem de pensamento político e religioso mas não de intolerância criminosa e libertinagem.

Por fim, manifestamos nosso apoio e solidariedade ao ator Paulo Gustavo e a todos que se sentiram feridos e magoados com a fala criminosa do pastor, ao mesmo tempo comunicamos oficialmente que medidas judiciais serão tomadas contra o pastor José Olímpio - líder religioso da Assembleia de Deus em Alagoas, ao mesmo tempo também nos solidariezamos com todos os religiosos que se sentiram agredidos e triste por este ato criminoso e intolerante.

Maceió, 17 de abril de 2021.

Assinam esta carta:

GGAL- Nildo Correia; CAERR - Kamila Emanuele; Givanildo Lima - ARTGAY/AL; Aliança Nacional LGBT - Toni Reis; Rede Gay Brasil - Fábio de Jesus; GGM - Messias Mendonça; INCVF/AL - Rosaly Damião) - INCVF; Movimento dos Povos das Lagoas - Isadora Padilha; Ticiane Simões - Ateliê Ambrosina; CAVIDA - Wilza Rosa; Marcelo Nascimento - Fundador do Movimento LGBTQIA+ em Alagoas; Associação Cultural Joana Cajuru - Waneska Pimentel, Annabella Andrade - Coletivo "O Direito Achado na Rua", REBRACA - Indianarae Siqueira, GGB - Marcelo Cerqueira, Quibamda Dudu - Otávio Reis, Associação As Musa de Castro Alves do Recôncavo - ASMUSADECAR - Gilvan Dias Medeiros; Movimento Nacional da População em Situação de Rua de Alagoas MNPR/AL e Fórum Nacional dos Usuários do Sistema Único de Assistência Social de Alagoas FEUSUAS/AL - Rafael Machado; GLAD Delmiro - Anna Moura; Luiz Mott - Fundador do Movimento LGBTQI+ na Bahia; Coletivo LGBTIA+ Flutua (UFAL) - Fernando I. Rodrigues de Farias; Associação LGBTQI+ e Candomblé Grupo Iguais de Coruripe - Sophia Braz; Arco Íris LGBT de Paripueira - Darlan Kadosh; Instituto Feminista Jarede Viana - Ana Pereira; Núcleo de Estudo e Pesquisa das Expressões Dramáticas; Cia Cultural Vixe Maria; PesComPasso Artes Cênicas; Paty Maionese Produções e Eventos - Paty Maionese; Coletivo Popfuzz - Nina Magalhães; Cia Orquídeas de Fogo; AMIREBO - Lafon Pires."


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