Não há dúvida: o ano de 2020 é um marco na história. A pandemia do novo coronavírus afetou todos os aspectos da vida humana. Entretanto, a dinâmica social, mesmo com adaptações, limitações, perdas e receios, continuou. E quem, dentre LGBT, atuou de forma mais destacada nesse cenário no País?
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Com base em análise feita ao longo de todo ano, eis aqui uma resposta sólida e criteriosa: a lista 50 LGBT Mais Influentes do Brasil 2020.
Pelo terceiro ano consecutivo, a Rede Guiya - que publica este site e mais quatro guias gays de outras capitais - divulga esse rol, que, a cada edição, ajuda a registrar pessoas que tiveram e usaram seu poder de influência.
Não é catálogo de ativistas. Há inclusive quem, mesmo sendo LGBT, atuou contra a causa arco-íris ou nada ou pouco por ela fez.
Não é ranking de quem tem mais fama. Muitas pessoas provam que não é apenas por meio de milhares de likes nas rede sociais que se pode causar reverberação na vida de milhões de outras.
Não é julgamento moral nem ideológico. A vida social e política do país é complexa demais para caber em bolhas, feitas de purismo - seja de que essência for.
Trata-se de tentativa de analisar, isso sim, a influência de pessoas LGBT por meio de suas responsabilidades, falas, atos, redes de contatos, espaços de poder que ocupam e/ou são por elas construídos. Onde? Na vida pessoal, na profissão, na política, nas redes sociais, na mídia...
Uma lista como essa é viva e fala de seu tempo. O novo coronavírus moldou a seleção deste ano. O fato de áreas tais como televisão, cinema, turismo, entretenimento LGBT, música e esportes terem sido bastante afetadas pela pandemia cerceou a atuação de muitas pessoas desses campos em relação a edições anteriores..
Por outro lado, com todo mundo dentro de casa por meses, influenciadores digitais foram ainda mais vistos e ouvidos. Ganharam projeção.
Outro acontecimento marcante que está no DNA desta lista foi a ida do Brasil às urnas para escolher quem vai gerir as cidades nos próximos quatro anos. Vitórias, trajetórias e derrotas e as dimensões alcançadas por elas estão refletidas aqui.
Sobre quem é LGBT? Age-se aqui com apenas uma postura: a de que respeitar a autodeclaração é um dos ensinamentos mais importantes que a luta social identitária ensinou e ensina.
30º Gabriel Perline
O Brasil tem um lugar de onde vem as informações mais exclusivas sobre novelas, séries e famosos: o Notícias da TV. É dali que sai boa parte do que é repercutido (com crédito ou não) em sites e jornais do País todo.
Jornalista com passagens pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelos portais iG e Terra, Perline é editor do site de Daniel Castro, hospedado do UOL, que conta com mais de 18 milhões de visitantes únicos por mês, o que responde por 17% de todos que acessam a internet. Perline também tem quadro no Revista da Manhã, e coapresenta o Fofoca Aí, ambos na TV Gazeta, de São Paulo.
29º - Alvaro
O Brasil precisava rir para enfrentar a pandemia. E milhões acharam como fonte de gargalhadas o perfil desse alagoano de apenas 20 anos de idade. Havia iniciado turnê com ingressos esgotados quando o mundo se fechou. Sem problemas.
Confinado, deu ainda mais destaque ao seu elenco caseiro e tão adorado pelo público: a própria família. Ao quererem rir também, no caso financeiramente, marcas de diversas áreas inundaram seu perfil no Instagram. É exemplo dos novos e inclusivos tempos, em que empresas não têm receio de aliar seus nomes ao universo gay.
28º - Keila Simpson
Moradora de Salvador e uma das ativistas do movimento LGBT mais respeitadas do Brasil é presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). A entidade tem se destacado cada vez mais na produção de dados com importante impacto no conhecimento da situação das pessoas trans no País.
O acompanhamento diário de casos de assassinatos de trans feito pela Antra firma-se ano a ano como fonte para imprensa, estudos acadêmicos e denúncia do cenário brasileiro em debates e mapeamentos internacionais sobre o tema. Este ano, também fez lista de candidaturas de pessoas trans nas eleições municipais e de quem do segmento conseguiu se eleger.
27º - Eliseu Neto
O assessor parlamentar foi peça importante no advocacy para que o Supremo Tribunal Federal (STF), este ano, derrubasse veto à doação de sangue por gays, homens bissexuais e mulheres trans; e desse fim a leis que impediam debates a respeito de diversidade de identidade de gênero e orientação sexual nas escolas, algo denominado por conservadores de ideologia de gênero.
Coordenador do setorial LGBT do partido Cidadania também foi um dos responsáveis por fato histórico pelo ineditismo e força política: a iluminação nas cores arco-íris do Congresso Nacional feita pelo coletivo Brasília Orgulho em 28 de junho.
26º - Fernando Holiday
A primeira pessoa do segmento LGBT que chegou à Câmara Municipal de São Paulo, em 2017, conseguiu novo mandato este ano com a marca de ter sido o quarto mais bem votado (cerca de 68 mil votos). Gay e negro, ele é contrário a cotas raciais e a políticas específicas LGBT.
Nacionalmente, é conhecido também por ser coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), agrupamento de defesa de ideais liberais na economia. No próximo mandato, o filiado ao Patriota terá companhia de outros dois integrantes do MBL no Poder Legislativo local. Por sua ação na Justiça, houve fim do pagamento de super salários na Câmara Municipal.
25º - Duda Salabert
Fez história ao ser a pessoa mais votada nas eleições para Câmara Municipal de BH não só de 2020, mas também de toda história da capital mineira (37.613 mil votos). A pedetista teve aval do presidenciável Ciro Gomes ao se filiar ao partido. Por ser trans, foi um dos rostos que estamparam reportagens pelo Brasil para mostrar a diversidade de integrantes do Poder Legislativo que vão comandar as cidades nos próximos quatro anos. Recentemente, criticou colegas de agremiação por votos contra a cidadania trans na Câmara dos Deputados, o que provocou anúncio público do presidente pedetista.
24º - Matheus Mazzafera
É difícil uma entrevista feita por Matheus não repercutir nas redes e na mídia. Os mais de 7 milhões de inscritos que ele possui no YouTube e o seu jeito franco e debochado ao conversar com os famosos rendem momentos que, por vezes, tornam-se polêmicos. Seja na cama ou no sofá, a estratégia do youtuber é deixar a pessoa entrevistada bem à vontade e, com isso, tirar segredos íntimos.
A ele Neymar fala de pegas com Anitta e sonho erótico com Cleo, por exemplo, e vira notícia. E também foi alvo dela, quando público acusou de racista fala dele, pela qual ele se desculpou. Teve vitrine também ao apresentar o reality show "De Férias com o Ex Brasil", da MTV.
23º - Ricardo Sales
Estudioso e espraiador da pauta cada vez mais urgente da inclusão em empresas, o doutorando na área e sócio da consultoria Mais Diversidade foi ainda mais reconhecido em 2020 por seu trabalho. Também professor da Fundação Dom Cabral, ele foi convidado pelo Carrefour a integrar comitê para tratar das políticas da companhia para a inclusão racial, de gênero e em orientação sexual e identidade de gênero.
Estava na lista para capacitação cancelada pela pandemia em diversidade e inclusão da ONG americana Human Rights Campaign. Com a revista Você RH, da editora Abril, a Mais Diversidade fez o estudo “O Cenário da Diversidade e Inclusão nas Empresas Brasileiras”. Realizado com dados de 290 companhias, o levantamento é o maior já realizado no País.
22º - Fernanda Gentil
Em um mundo justo, Fernanda teria já, há tempos, seu próprio talk show. Divertidíssima, talentosa, culta e de raciocínio rápido, ela tem todos os ingredientes para ter seu próprio programa. Por enquanto, a jornalista segue pouco aproveitada. Fora do ar desde março, o vespertino coapresentado por Fernanda, o Se Joga, pode voltar à TV Globo aos sábados em 2021.
Neste ano, a loira cobriu férias de Fátima Bernardes no Encontro, abriu um restaurante japonês no Rio e chamou atenção com divertidos e informativos vídeos durantes meses da quarentena, com participação de sua esposa, a também jornalista Priscila Montandon, e que reverberaram dentre seus mais de 6 milhões de seguidores no Instagram.
21º - Marcelo Calero
O deputado federal pelo Cidadania teve papel de destaque em uma das principais disputas eleitorais do ano. O ex-ministro da Cultura, depois de ter nome cogitado a ser candidato ao Poder Executivo carioca, foi coordenador da campanha vitoriosa de Eduardo Paes (DEM) à prefeitura do Rio de Janeiro.
Poucas horas depois de seu grupo político derrotar Marcelo Crivella (Republicanos) nas urnas, ele foi anunciado como secretário de Governo e Integridade Pública, uma das principais ações de Paes para mostrar compromisso contra a corrupção.
