O presidente Jair Bolsonaro (PSL) citou várias produções de temática LGBT que serão vetadas para a captação de recursos públicos por meio da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
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Em live semanal em suas redes sociais, na quinta-feira 15, Bolsonaro argumentou que esses filmes "não têm audiência" e que trata-se de "dinheiro jogado fora".
"Fomos garimpar na Ancine filmes que estavam prontos para ser captados recursos no mercado. Olha o nome de alguns! O nome e o tema", anunciou antes de listar produções LGBT.
"Um filme chama 'Transversais'. Olha o tema: 'Sonhos e realizações de cinco pessoas transgêneros que moram no Ceará'. Conseguimos abortar essa missão."
"Outro filme: 'Sexo Reverso'. 'Bárbara é questionada pelos índios sobre sexo grupal, sexo oral e sobre certas posições sexuais'. É o enredo do filme. Com dinheiro público?", questionou.
"E outra, geralmente esses filmes não têm audiência, não têm plateia, têm meia dúzia ali. Mas o dinheiro é gasto, são milhões de reais que são gastos com esse tipo de tema", criticou. "É um dinheiro jogado fora, não tem cabimento fazer um filme com esse enredo, né?
"Outro filme com esse tema: 'Afronte'. 'Mostrando a realidade vivida por negros, homossexuais no Distrito Federal.' Não entendi nada, confesso. A vida particular de quem quer que seja, ninguém tem nada a ver com isso, mas fazer um filme sobre negros homossexuais no DF, confesso que não dá pra entender. Mais um filme que foi pro saco."
Afronte é o desenvolvimento em longa do curta de mesmo nome de Marcus Mesquita e Bruno Victor e com passagem por diversos festivais de cinema. É difícil saber o que Bolsonaro diz não entender da descrição do filme, que fala da interssecção do racismo e da homofobia, duas realidades tão presentes no País.
Por fim, o presidente citou uma produção chamada 'Religare Queer'. "O filme é sobre uma ex-freira lésbica e daí são dez episódios". Na sequência, claramente lendo a descrição do filme, Bolsonaro diz que a produção tem a ver com 'religiões tradicionalmente homofóbicas e transfóbicas'.
"Tudo tem a ver... sexualidade LGBT com evangélicos, católicos, espíritas, testemunhas de Jeová, umbanda, budismo, candomblé, judaísmo, islamismo e Santo Daime", continuando a ler.
"Confesso que não entendi por que gastar dinheiro público com um filme desse, o que que vai agregar no tocante a nossa cultura, as nossas tradições. Não tô perseguindo ninguém, cada um faz o que bem entender e que vai ser feliz. Agora gastar dinheiro público para esse tipo de filme..."
Bolsonaro estava acompanhado pelo ex-lutador de jiu-jitsu Renzo Gracie, que mostrou igual desconhecimento e homofobia. "Eles influenciam negativamente a cultura", disse o ex-esportista em certa ocasião sobre as produções listadas pelo presidente. Depois, disse que se mudou do Brasil com medo que "se aquele governo continuasse, isso aí seria obrigatório".