É dado repetido pelo ativismo LGBT nacional de que o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais do mundo. Entretanto, o serviço de checagem de informações Aos Fatos colocou o título em dúvida.
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Em avaliação de fala da deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manuela D'ávila (PCdoB), o site classificou como imprecisa a informação de que o Brasil lidera o ranking feito pela entidade Transgender Europe (Tgeu) de mortes violentas de pessoas trans.
A divergência possui como base as duas formas de ler dados. Em números absolutos, o Brasil, quinto país mais populoso do mundo, é campeão de assassinatos relatados, com 1.071 casos entre 2008 e 2017. Tal quantidade representa 41% do total.
Entretanto, em números relativos, em que o número de assassinatos é dividido pela população, que é padrão mundial de medição de violência, o Brasil fica em terceira posição.
Explica o site Aos Fatos: "Honduras tem o maior índice — 10,77 casos relatados a cada um milhão de habitantes —, seguida de El Salvador, com pouco mais de cinco, e do Brasil, em terceiro lugar, também com um número próximo de cinco".
A leitura em taxas proporcionais é tida como a mais adequada na comparação dentre regiões e/ou períodos porque só dessa forma se consegue ter possibilidade de análise sem desvios causados por tamanho de território e população, por exemplo.
Tal leitura se soma a outros apontamentos críticos de analistas à afirmação de que o Brasil seria o de maior número de registros de mortes violentas de pessoas trans no globo.
Um é que o ranking feito pelo pela Tgeu compila dados apenas de 71 das 195 nações existentes, ou seja, pouco mais de 36%. O certo seria dizer que o Brasil está dentre os de maior classificação dentre países pesquisados.
Outro é que não necessariamente a morte de trans registrada é motivada diretamente por discriminação. A realidade dos números não poderia ser transferida de forma direta a uma leitura de crimes de ódio.