O jogador de vôlei Douglas Souza relatou episódio ocorrido com ele e o namorado, Gabriel Campos, em aeroporto holandês e que teria tido viés homofóbico.
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O atleta, que é gay assumido, saiu de São Paulo, na segunda-feira 6, à noite, com destino a cidade italiana de Vibo Valentia. O voo tinha conexões em Amsterdã, na Holanda, e em Roma, na Itália.
Sua viagem para a pequena cidade na região da Calábria tinha motivo claro: ele foi contratado pelo time de vôlei local, que leva o nome do município. Seu namorado, Gabriel, foi junto com ele.
No Aeroporto Internacional de Schiphol, houve a confusão. "No controle de passaporte perguntaram o que eu faria na Itália, eu disse que seria jogador de vôlei e o Gabriel era meu namorado", contou o atleta, em suas redes sociais.
"Logo, a fisionomia dele [oficial de imigração] mudou na hora e o tratamento também. Ele perguntou o que ele faria lá, eu mostrei o documento de união estável, eu disse que ele iria me acompanhar e trabalhar."
Douglas disse que os levaram para uma sala onde estavam 20 pessoas e por lá foram deixados por cerca de cinco horas.
"Não se tinha explicação, eu tentei ajudar de alguma forma. Eles ligaram para o clube, liberaram e deu tudo certo. Eles não quiseram nem me escutar". lembrou.
"Depois de cinco, seis horas me chamaram para uma entrevista em uma salinha para saber o que eu iria fazer lá. Aí bateram na tecla do Gabriel, e eu falava que era meu namorado, e eles não entendiam esse tempo, insistiam no companheiro e não queriam deixar ele passar de jeito nenhum."
"Logo, perguntaram se o clube sabia da situação com ele. Aí me liberaram por mais algumas horinhas e eu comecei a perceber um certo padrão no tratamento deles. Fomos colocados com mais 20 pessoas, 18 eram pretas, ou latinas e nós dois. Uma das pessoas se revoltou muito com a situação."
"Ficamos literalmente o dia inteiro esperando, quando deu umas 11h da noite, que não tinha mais voo, o aeroporto estava fechado, eles liberaram a gente. Dormimos no aeroporto e passamos pelo controle de passaporte, ficamos literalmente jogados no chão até o próximo voo para Roma", relatou.
"Foi uma situação estranha, difícil, a gente se sente fragilizado. Se a gente se exaltasse com a polícia, a gente poderia ter mais problemas. Acabou que passei 15 horas no aeroporto, e era para ter sido umas três, no máximo."
"Não achei normal, acontece em todas as partes do mundo, aí falam que Amsterdã é super liberal, mas não é assim. Eu sei o que eu vivi. Foi muito constrangedor. É importante mostrar que existe esse tipo de situação."
"Aconteceu, passou, meu clube não tem nada a ver. Eles ajudaram, meu empresário também. Eu espero que ninguém passe por isso. Sei que infelizmente vai passar e a gente tem que passar por isso."