Brasiliense, gay assumido, casado e pai, Ricardo Lucas, de 32 anos, é candidato a deputado distrital pelo PCdoB.
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Em uma região onde tantos são de fora, Lucas é filho da capital federal.
Formado em Comunicação Social pela Universidade de Brasília (UnB), o empresário atua há 15 anos nos segmentos de comunicação, cultura, entretenimento (ele é dono da boate LGBT Victoria Haus).
Esta é a primeira vez que Ricardo se candidata a um cargo político. O Guia Gay Brasília o entrevistou a respeito de suas propostas.
O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em relação à proteção e legislação pró-LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o DF avance nessa questão?
Devo discordar em parte dessa afirmação, pois a maioria dos avanços em direitos que conquistamos se deram no campo do Poder Judiciário e Executivo e não no Legislativo, prova que além de ser uma casa extremamente conservadora e hostil com nossas pautas, reflete uma sociedade intolerante com a diversidade, nossos direitos são atacados o tempo inteiro.
A Câmara dos Deputados nunca conseguiu aprovar projeto de lei que de fato assegure direitos para as pessoas LGBT no Brasil, assim como também a Câmara Legislativa do DF. Não há legislação específica que puna a violência LGBTfóbica e que promova a inclusão, valorização e o respeito dessas pessoas na nossa sociedade.
Pensando em direitos adquiridos que possuímos é que no meu site além das 35 ideias para o DF, existe uma parte chamada "Guia da Cidadania LGBT", um trabalho minucioso de nossa equipe justamente para publicizar e empoderar o usufruto de alguns direitos já adquiridos para que possamos avançar em tantos outros que ainda nos faltam.
As nossas propostas são muito mais abrangentes do que apenas propor leis, numa das casas mais conservadoras como a CLDF é preciso ser estratégico. Portanto, propomos trabalhar articulando com os atores chaves, parcerias e mobilização de atores estratégicos que já atuam no DF defendendo a pauta, como a sociedade civil organizada e os movimentos sociais.
Também incentivar a implementação de projetos que promovam os direitos desta população e fomentar a criação de mais politicas públicas e o fortalecimento das já existentes. Integrar a agenda LGBT às demais agendas, interseccionalizar essa pauta. Vamos falar de saúde? Vamos incluir também LGBT, falar de segurança, de educação, de emprego, sempre pautando e assegurando que o debate se amplifique a fim de abarcar também as demandas da população LGBT do DF.
Quais são seus projetos para a população do DF em geral?
Tendo em vista que a população LGBT também utiliza dos mesmos espaços públicos dos demais cidadãos, não há como abraçar uma única pauta. Quando falamos de legislar, falamos de representatividade para todo o DF, isso inclui projetos de mobilidade urbana, segurança pública, educação, saúde, cultura, emprego, desenvolvimento sustentável e democracia participativa.
Neste intuito criei uma plataforma virtual chamada "35 Ideias para o DF", na qual convidamos todas as pessoas a dialogar conosco e interagir trazendo suas contribuições. Criando um espaço democrático onde não só LGBT sejam beneficiados, pois sabemos e conhecemos os problemas do DF e o quanto eles afetam nossas vidas, e temos total conhecimento destes e capacidade para resolvê-los na competência de um deputado distrital. Queremos cidades mais inclusivas, queremos defender o bem viver. É possível transformar o DF com atitude.
Votar em você é ajudar a eleger pessoas do seu partido e da sua coligação. Quais são esses partidos? Qual o compromisso deles com a cidadania LGBT?
O meu partido é o PCdoB, partido que em seus 96 anos de existência sempre esteve na vanguarda das lutas do povo brasileiro. Em outubro de 2015, o PcdoB, a União Juventude Socialista, dentre outros grupos, articularam a criação da UNALGBT, União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, organização de luta pela garantia de direitos dessa população, demonstrando a sensibilidade e o compromisso do meu partido com essa população.
Portanto, me eleger é fortalecer a representatividade de um seguimento ainda invisibilizado nos espaços de poder e também um partido que se compromete de fato com a pauta LGBT.
Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay Brasília com candidaturas de LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas, partidos e coligações de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.
