Família não usa nome social de trans no enterro. ONG protesta

Natural do interior da Bahia, Kethley Santos morava em Salvador

Publicado em 14/06/2020
Transexual morta em Ipirá, Kethley Santos
'Este também é um grito de revolta contra mortes simbólicas', diz carta

Não bastasse a morte por forma violenta, uma transexual do interior da Bahia tem tido sua memória aviltada por causa do desrespeito à sua identidade de gênero.

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A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgou carta aberta, junto a outras entidades, pedindo que seja respeitado o nome social de Kethley Santos.

Natural de Ipirá e moradora de Salvador, Kethley foi assassinada a tiros na quinta-feira 11 no bairro de Piatã.

"Ao noticiar o falecimento, alguns parentes, professoras, professores e conhecidos seus de Ipirá estão desrespeitando seu nome e sua existência enquanto mulher, enquanto pessoa trans. A violência contra pessoas transgêneros e travestis é estrutural e aje também a partir das instituições", explica a carta.

"A escola é um dos espaços que devem acolher e colaborar na construção de uma sociedade democrática e inclusiva, no entanto, para pessoas LGBTQI+ e sobretudo para pessoas trans, este ainda é um espaço opressor e violento, uma vez que negligencia discussões pedagógicas que atuem no sentido do combate e superação da transfobia; viola o direito ao uso do nome social, além de outras violências simbólicas cotidianas que negam a existência e o direito à educação das pessoas trans e travestis."

Outro trecho ressalta: "Além de toda barbárie transfóbica que retirou a vida de Kethley, ela sequer está tendo seu nome e gênero respeitados. Sua existência segue sendo invisibilizada. A transfobia tem diversas faces. Atua desumanizando, desrespeitando agenciamentos, invisibilizando, despotencializando e aniquilando corpos trans e travestis de diversos modos. Além da morte física, este também é um grito de revolta contra mortes simbólicas. Sobre apagamento e desrespeito à memória, à autodeterminação, à existência."


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