Um possível caso de assédio que teria terminado em agressão e boletim de ocorrência é um dos assuntos mais comentados em páginas e grupos gays brasileiros desde a noite da quinta-feira 13.
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Um jovem do Amazonas, chamado Clayton Oliveira, divulgou imagem com vários ferimentos no rosto afirmando que havia sido agredido por um motorista do aplicativo de mobilidade 99.
Ele relatava, em sua página no Instagram, que a cena de pancadaria começou logo após o homem ter lhe perguntado se ele era gay. Ao ouvir um "sim", o motorista teria começado a lhe desferir socos no seu rosto.
O jovem pulou do carro ainda em movimento e fez boletim de ocorrência alegando homofobia.
A 99 rapidamente se pronunciou afirmando ter descredenciado o profissional e que prestaria todo tipo de apoio à vítima.
No entanto, na manhã desta sexta, outra versão dos fatos chegou a conhecimento público.
O motorista Júnior Cruz da Silva, que teve imagem divulgada por Clayton, afirmou que emprestou o carro ao tio.
Por sua vez, Paulo Silva, de 37 anos, o homem que estava dirigindo o carro, foi à delegacia, confirmou que agrediu Clayton, mas alega que foi assediado pelo rapaz.
"Assim que ele pediu a corrida, me enviou uma mensagem perguntando se eu queria 'uma mamada'. Ele já entrou alcoolizado no veículo. Começou falar coisas indecentes e, quando eu menos esperei, ele colocou a mão no meu pênis e apertou. Nessa hora eu não me segurei. Segurei a mão dele e bati. Eu não me arrependo, apenas me defendi. Eu não sou homofóbico, não tenho preconceito. Mas ele me desrespeitou. Se fosse mulher eu também não teria gostado. Isso não é certo", contou o acusado ao site Em Tempo.
O 10º Distrito Integrado de Polícia (DIP), em Manaus, ficou repleto de motoristas que trabalham por aplicativo que foram prestar apoio a Paulo, afirmando que sofrem assédio diariamente de homens e mulheres.
Áudios e prints sobre o momento da agressão passaram a circular nas redes, como a mensagem que Clayton teria enviado a Paulo propondo sexo oral.
Em muitos grupos, circulam informações de que Clayton teria costume de se gabar de suas conquistas junto a motoristas por aplicativo.
Em outro áudio, um segundo motorista teria se pronunciado dizendo que também já foi assediado pelo jovem.
O post inicial da denúncia foi apagado por Clayton. Entretanto, em seus Stories, ele sustenta a sua versão, confirma que fez boletim de ocorrência, passou por exame de corpo de delito e que bloqueou os comentários porque tem recebido ameaças de morte vindas de contas falsas.
"Eu só quero ter paz e resguardar minha integridade física que tanto já foi violada", desabafou.
"Áudios circulados só reafirmam o ódio por homossexuais", escreveu Clayton, sobre os prints e áudios que movimentam as redes sobre o caso.
"Uma pena que ele não postou a parte que iria me matar e me jurou de morte por ser viado, não é?"