O chefe do serviço de inteligência estrangeira da Grã-Bretanha MI6 pediu desculpas publicamente, na sexta-feira 19, pela discriminação histórica contra gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros em agências de espionagem antes de 1991.
Até aquele ano, as agências de espionagem se recusavam a contratar policiais que fossem LGBT porque acreditavam que eles seriam suscetíveis a chantagem.
"Até 1991, ser abertamente LGBT+ no MI6 podia fazer com que você perdesse o emprego ou impedisse você de ingressar", disse Richard Moore, chefe da Agência Secreta de Inteligência (SIS, na sigla em inglês), segundo a agência de notícias Reuters.
"Pessoas comprometidas, talentosas e generosas viram suas carreiras e vidas arruinadas porque se argumentou que ser LGBT+ era incompatível com ser um profissional de inteligência ... Isso era errado, injusto e discriminatório", prosseguiu.
Moore afirmou que essas políticas equivocadas privaram os serviços de inteligência da Grã-Bretanha de talentos e que alguns membros da equipe que "se revelaram" depois de 1991 foram maltratados por não revelarem sua sexualidade durante a verificação de antecedentes. "Outros que ingressaram no período pós-1991 não se sentiram bem-vindos."
Apesar dessas regras discriminatórias, algumas das figuras mais famosas da história da inteligência britânica eramhomossexuais, como Guy Burgess, oficial do MI6 e diplomata, que também era um espião soviético e fugiu para Moscou em 1951.
Ainda mais famoso ficou Alan Turing, matemático que agora é considerado o pai da computação moderna, responsável por quebrar o código naval alemão Enigma para espiões britânicos durante a Segunda Guerra Mundial.
Por ser gay, Turing perdeu seu certificado de segurança e permissão para trabalhar. Ele foi forçado a receber injeções hormonais e em 1954 cometeu suicídio aos 41 anos. Sua história foi contada no filme O Jogo da Imitação (2014).
A Grã-Bretanha descriminalizou atos homossexuais entre homens em 1967.