O Ministério das Relações Exteriores, conhecido como Itamaraty, tem orientado os diplomatas a frisar que gênero é apenas sexo biológico.
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De acordo com a Folha de S. Paulo, isso teria ocorrido ao menos em duas situações: em reuniões na Organização das Nações Unidas (ONU) e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Diplomatas teriam recebido instruções de ressaltar a diplomatas de outros países a visão do governo de Jair Bolsonaro (PSL) sobre gênero, de que "o entendimento do governo brasileiro de que a palavra gênero significa o sexo biológico: feminino ou masculino.
A chamada "ideologia de gênero" é um tema recorrente nas falas tanto de Bolsonaro quanto do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, que pregam "valores tracidionais" para a família.
À reportagem, a coordenadora da Conectas Direitos Humanos, Camila Asano, afirmou que o governo brasileiro precisa mudar urgentemente este posicionamento se não quiser ser isolado da comunidade internacional e visto como nação atrasada.
"Se tal ordem não for imediatamente revertida, o Brasil se unirá a diplomacias que propagam posições retrógadas em espaços internacionais, ignorando avanços nacionais e globais na luta contra desigualdades e preconceitos", disse.
No início do ano, por exemplo, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, anunciou que o Brasil é candidato a um novo mandato no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Se esta orientação transfóbica se mantiver, ela poderá ser questionada judicialmente.
Com esta determinação, o Brasil também pode se distanciar como nação que acolhe refugiados perseguidos por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero, lembra Camila.
O Itamaraty informa que mantém políticas de proteção a minorias, incluindo LGBT.