Por Welton Trindade
Esse texto é escrito na primeira madrugada do primeiro dia do primeiro mês de 2018. Mas não, não é feito com vistas a desejar um feliz 2018. É motivador para essas linhas um feliz, um cidadão, um humano 2019. E é esse o nosso grande desafio o qual não é a cor da roupa de baixo que resolve.
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E a situação é tão grave, tão urgente, tão fulcral que não se pode esperar o pós-carnaval, o período de campanha eleitoral, o dia de pegar santinho no chão para ver em quem votar... Não se pode esperar nem mais um segundo para decretarmos 2018 como o ano de mais conscientização e união de LGBT dos últimos anos.
Não, 2017 não foi um ano marcadamente de retrocessos para a cidadania arco-íris. Mas foi um ano em que a ameaça começou a afiar as unhas. Viu-se reforço de discursos contra nossa visibilidade, mobilização da bancada da Bíblia e conservadores País afora, ataques virtuais a nossos direitos, mentiras construídas ardilosamente para colocar a população contra nós.
Desculpe colocar a euforia de início de um novo ano em contraste com alguns fatos que, ao menos, põem sombras sobre as cabeças de todos nós LGBT, mas é necessário.
Depois de oito anos de um presidente negro, os EUA deixaram entrar na Casa Branca um retrógrado (que venceu apesar de não ter maioria dos votos). Após a Operação Mãos Limpas, na Itália, o poder foi ocupado por Silvio Berlusconi, um conservador. A história não se move apenas à frente, aprendamos.
Sombras... O respeitado Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) projeta que as eleições parlamentares federais de 2018 será a de menor renovação de nomes dos últimos 20 anos!
Você vê o quanto o atual Congresso Nacional se articula contra os direitos LGBT? Pois bem, a tendência é que isso pouco mude.
Não sei se as previsões de ciganas e demais adivinhadores são ditas como aviso do inevitável. Mas em política, bolas de cristal podem ser partidas por algo contundente e, aqui está outra parte boa, que está sempre em nosso poder: o voto!
Eis o chamado: levantemo-nos, desde agora, contra a descrença na política, o voto nulo, em branco ou a abstenção. O que mais os nossos inimigos querem são nós LGBT desmobilizados.
A cada LGBT ou aliados nossos que você ver dizendo que "Nenhum político presta", "Não adianta votar, é tudo igual"... Não deixe passar! Fale que há sim - porque há mesmo - uma pesssoa ao menos em que se pode confiar, que merece estar no poder para representar um País, um Estado melhor.
E já estão mais ou menos postas muitas candidaturas de políticos aliados e de valorosas pessoas ativistas, empresárias e artistas LGBT. Podemos, nós mesmos, chegarmos lá, inclusive!
Ah, ok, talvez, para o governo dos Estados e para a Presidência da República, não haja a pessoa de nossos sonhos. Mas, fica uma verdade: o que pode assumir tais cargos podem ser nossos pesadelos! Escolher o menos pior, sim! Ou você prefere suportar o infinitamente mais horrível?
Não se omita!
Muitos jovens, descrentes com a política, simplesmente deixaram de votar nas eleições americanas e na decisão sobre o Brexit. Resultado: os monstros venceram. Nós LGBT no Brasil precisamos aprender com esses erros, dos outros. Não temos como nos dar o direito de sentir o gosto amargo dos nossos próprios neste ano.
Feliz 2019, só teremos se construirmos um consciente 2018.