ONG Viva Cazuza proíbe músicas do cantor em atos pró-ditadura

Fundação afirma que recorrerá à Justiça caso canções de Cazuza toquem em manifestações antidemocráticas

Publicado em 11/05/2020
Cazuza: músicas do cantor estão proibidas em atos pró-ditadura
Música de 1988 se tornou uma das mais conhecidas de sua obra

Músicas de Cazuza estão, a partir de agora, proibidas de serem tocadas em manifestações antidemocráticas.

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Em nota, nas redes sociais, a Fundação Viva Cazuza divulgou que tomou conhecimento, pela Folha de S. Paulo, de que a música Brasil foi tocada no ato que pedia fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e a volta da ditadura militar, no domingo 3, em Brasília. O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), esteve presente na manifestação.

A fundação afirmou que se baseia em prerrogativas dadas pelo artigo 29 da Lei de Direitos do Autor (Lei 9610/98) para vetar canções do artista.

"Brasil é uma música de grande importância na democracia brasileira e ser usada junto a gritos de ordem e cartazes que pedem o fim da democracia é inaceitável", diz trecho da nota, assinada pela mãe do cantor, Lucinha Araújo, George Israel e Nilo Romero.

"A Viva Cazuza desde logo torna pública a proibição da execução de qualquer obra ou intepretação de Cazuza em qualquer evento e/ou manifestação dessa natureza, ficando qualquer um que desrespeite esta proibição sujeito à aplicação das sanções civis e penais cabíveis em virtude de violação de direitos autorais", continua a nota.

E encerra: "Apoiamos a democracia e não atitudes violentas. Seguimos as orientações da OMS [Organização Mundial da Saúde] que recomenda que a população fique em casa, em isolamento, pensando no bem de todos, sendo solidários e trabalhando para diminuição do sofrimento e privação dos mais vulneráveis."

A Sociedade Viva Cazuza foi criada pelos pais do cantor após sua morte, em 1990, para preservar sua obra e dar apoio a pessoas soropositivas e ajudar no combate ao HIV.  Cazuza faleceu por complicações do vírus.

Com versos dilacerantes e que entraram para a história da música brasileira, a canção se tornou um símbolo da redemocratização do País, em 1988. A música, na voz de Gal Costa, também foi usada na abertura de Vale Tudo, considerada uma das melhores novelas de todos os tempos e que mostrava uma luta da ética e do caráter contra a corrupção e a imoralidade.


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