Acusado de abuso sexual, o padre Ismael Almeida Santana, de 31 anos, foi filmado agredindo e ameaçando um ex-seminarista.
Em vídeos, aos quais o portal UOL teve acesso, o rapaz - que não teve nome divulgado - pede, chorando, para que o padre abra a porta do local onde estão.
O padre o puxa pelo braço e o empurra. "Você está me machucando", diz o jovem, três vezes seguidas. Ele pega o queixo do rapaz, segura e o empurra novamente.
Em outra imagem, Ismael tranca a porta, tira a chave e apaga a luz. Na continuação, pouco depois, ele pega o jovem novamente pelo pescoço. "Você está me enforcando. Você vai me matar", grita o homem. O padre o derruba.
As cenas de intimidação e violência foram gravadas dentro da casa do padre que fica no Seminário Propedêutico Nossa Senhora do Socorro, em Mogi das Cruzes, Região Metropolitana de São Paulo.
Em fevereiro, o ex-seminarista de 28 anos denunciou Ismael ao tribunal eclesiástico da diocese de Mogi das Cruzes.
Os dois se conheceram por meio das redes sociais em 2019. Na época, o rapaz estudava no Seminário Propedêutico da Arquidiocese de São Paulo e Ismael era reitor do seminário da cidade vizinha.
A vítima conta que as agressões aconteciam sempre que o padre queria sexo.
"Eu não conseguia revidar as agressões do Ismael porque na minha cabeça ali não estava um homem qualquer. Para nós, católicos, para mim, ali estava a pessoa do Cristo, não estava apenas o padre Ismael. Aí eu não conseguia bater nele ou revidar. Eu fugia para ele não me pegar. Eu acreditava que aquilo ia cessar", disse.
Ele relata que chegava a perder os sentidos quando o padre o apertava no pesçoco. Ao voltar a si, ele ouvia Ismael, chorando, pedindo desculpas.
Após meses de situações similares, o padre passou a lhe dizer que ele merecia apanhar e ameaçava se matar caso ele revelasse o caso a alguém.
No tribunal eclesiástico, Ismael afirmou que teve envolvimento afetivo com o ex-seminarista e que este não aceitava o fim do relacionamento e o denunciou.
Ismael pediu desculpas, se disse arrependido e negou ter tido relações com outros seminaristas.
Em nota, a diocese de Mogi das Cruzes disse que o padre foi suspenso e destituído dos ofícios eclesiásticos por tempo indeterminado até que as investigações cheguem ao fim.
A vítima também entrou com processo na Justiça contra a diocese, contra o bispo dom Pedro Luiz Stringhini e contra o vigário geral da cúria, monsenhor Antônio Robson Gonçalves. Ele alega que há acobertamento por parte dos clérigos e da instituição.