Eram 18 candidaturas à Presidência do Peru, com variação que ia do grande nível de comprometimento com a cidadania LGBT ao completo desprezo. O que saiu das urnas na eleições no domingo 12 tem sido lido por ativistas como um dos piores cenários: ida de um esquerdista homofóbico e da filha de um ditador para o segundo turno, em junho.
Curta o Guia Gay Brasilia no Facebook
O socialista Pedro Castillo (Peru Livre), com 19% dos votos, e a populista de direita Keiko Fujimori (Força Popular), que obteve 13%, serão as opções para ocupar a Casa de Pizarro, onde mora e despacha quem ocupa a Presidência da República.
De acordo com levantamento feito por entidades LGBT, o plano de governo de Pedro, que teve forte votação no interior do país, não cita a diversidade de orientação sexual e identidade de gênero.
Como registra a BBC News, esse docente é conservador em pautas identitárias. O casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, inexistente no país, é algo inadmissível para o político.
Mais
>> Peru: lésbica é a mais votada para Congresso. Gay também vence
O caso é apenas um pouco diferente em relação ao que ocorre com Keiko. A iniciativa Voto pela Igualdade averiguou que, de várias demandas LGBT, apenas uma - a defesa de igualdade legal e combate à discriminação contra LGBT - está na plataforma da candidata.
Ela é herdeira do movimento populista e ditatorial chamado fujimorismo, que vem da década de 1990, quando Alberto Fujimori, seu pai, governou o país. Eleito, ele dissolveu os outros poderes e, nos anos seguintes, liderou eleições fraudulentas para continuar no poder. Keiko foi a primeira-dama de 1994 a 2000.
Conforme registra a ONG MHOL, Alberto promoveu perseguição a homossexuais.
"Logo depois do primeiro turno da eleição em 1990, ele expulsou Oscar Ugarteche da equipe de plano de governo por ele ser homossexual. E, já no governo, semanas depois do golpe de Estado, expulsou 117 diplomatas sob acusação de 'comportamento homossexual escandaloso."