Por Welton Trindade
É normal a disputa pelo cargo de chefe do Poder Executivo em um país com sistema presidencialista como o Brasil ser alvo de holofotes, mais discussões e paixões (ódios?).
Tendo em vista ainda o quanto a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), já ela, é afrontosa à cidadania LGBT, lidar com a possibilidade de ele vencer, sim, é amedrontador. Portanto, o alerta deve ser contínuo
Entretanto, é preocupante o quanto, na população em geral e dentre nós LGBT, as eleições para as assembleias estaduais ou distrital, para o Senado Federal e a Câmara dos Deputados não são postas nas conversas, nas redes sociais...
O reflexo da apatia pode chegar à urna. E isso pode ser trágico.
Tal conclusão é clara tendo em vista, por exemplo, a principal demanda do movimento LGBT no Brasil: a criminalização da discriminação contra o segmento.
Nenhum presidente da República pode prometer fazê-la. E isso por algo simples: trata-se de lei, cuja competência de elaborá-la e aprová-la é de deputados federais e senadores.
Claro, um mandatário pró-LGBT pode tanto movimentar base de governo para tal aprovação quanto não a vetar. Por isso, também, continua a importância de elegermos presidente que tenha compromisso com a causa dos direitos humanos e rejeitarmos quem se opõe a um País mais cidadão.
Porém, sem um Congresso Nacional favorável a nós, tal proposição nunca chegará à caneta presidencial. E mesmo que o ocupante do Palácio do Planalto vete-a, voilá, o Congresso pode derrubar a negativa e fazer a lei valer.
E ainda: é com maioria de parlamentares consciente de que a democracia não é decisão da maioria (não confundir eleição com valores basilares democráticos), é que também podemos barrar projetos de lei que vão cassar nossos avanços e impedir novos.
E o que falar das assembleias estaduais e a Câmara Distrital? Não derrubar leis pró-LGBT, fazer avançar normatizações inclusivas do segmento em políticas públicas... Isso passa pelos senhores e senhoras tão ocultos em nossas preocupações eleitorais.
Sim, e cada vez mais, #EleNão. Porém, não sejamos vítimas da miopia eleitoral e cidadã: temos de ter voto em peso em nomes para os cargos legislativos que tenham compromisso conosco.
Anular o voto para deputado e senador, é anular sua voz e sua cidadania. Deixar de escolher, é dar o direito a outrem de escolher por nós. Votar em qualquer pessoa, é sinal, no mínimo, de fala de amor próprio e consciência política. #ElesNão