A casa onde viveu um dos maiores escritores gays do País começou a ser demolida, em Porto Alegre.
Desde 2010, um movimento de artistas e ativistas pedia que o imóvel onde morou Caio Fernando Abreu (1948-1996) fosse tombado e se tornasse um centro cultural.
A casa é citada em várias obras (como Ovelhas Negras, de 1995) do jornalista, escritor e dramaturgo e fica no bairro Menino Deus.
Em abril, a prefeitura da capital gaúcha emitiu licença para demolição da casa e do imóvel vizinho. A retirada das janelas já começou.
De acordo com o site Sul 21, os proprietários de ambas são um casal de dentistas donos de uma clínica no bairro Rio Branco.
Quando o imóvel foi à leilão, em 2010, foi criado o movimento "Salve a Casa do Caio Fernando Abreu".
"Mas o mercado imobiliário é muito mais ágil e mais forte que o mercado cultural, infelizmente. A casa acabou sendo leiloada antes da gente conseguiu desenhar o projeto", afirmou Liana Farias, presidente da Associação Amigos de Caio Fernando Abreu (AACF).
Nascido na cidade de Santiago (RS), Caio viveu em Porto Alegre, em países europeus, no Rio de Janeiro, em São Paulo e voltou à capital gaúcha em 1994, ao descobrir ser portador do vírus HIV. Ele morreu por complicações da aids, em 1996.
“Eu estou muito triste de ver como o nosso País não tem nenhum cuidado com a memória, não tem nenhum respeito pela história, não só das pessoas, mas também da cultura. Essa casa não é só uma memória afetiva, ela está descrita em alguns momentos da obra do Caio. Então, a gente está abrindo mão de poder visitar um pedaço da história, de poder construir um espaço de reconhecimento de um dos autores mais importantes da nossa geração", lamentou Liana.
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