O cantor e escritor André Gabeh reclamou de ter lido questionamentos que relacionam a dor pela morte do ator Paulo Gustavo com outros episódios tristes que ocorreram no País.
"Tem gente dizendo que não podemos chorar pelo Paulo Gustavo, porque ele é 'só' mais um dos quatrocentos mil mortos brasileiros e dos milhões de mortos do mundo", escreveu em suas redes sociais.
"Não posso chorar pelas crianças de Santa Catarina porque não chorei pelos três meninos de Belford Roxo, porque não chorei com o massacre de Realengo, porque não chorei pelos palafiteiros que padecem de Febre Amarela, porque não chorei pelo sumiço dos perdigueiros de Dom Pedro Segundo, porque não chorei por unicórnios não terem chegado a tempo pra entrar na arca de Noé", prossegue Gabeh.
Com fina ironia, como é de costume em seus textos, que não raro viralizam no Facebook, o escritor mostra indignação com pessoas que têm tomado conta das redes e tentado determinar o que os outros devem ou não sentir.
"Não pode se emocionar com o BBB porque não doou dois reais pros médicos sem fronteira. Não pode chorar por Paulo Gustavo, porque quando foi com Tia Biruga do Trapiche não houve toda essa comoção."
"Esse povo precisa arrumar uma vida, um macramê pra fazer, um curso de como pintar skykilines com cera de ouvido no UDEMY, treinar pompoarismo anal descascando pitaya com o toba. Pelo amor. Alguém dê uma tarefa pra essa gente. Querem fazer uma carterinha de lamentação?"
"Se eu quiser chorar porque o espinho da bougainville furou a roupinha da minha Barbie Super Cabelão eu vou chorar, mesmo que eu não tenha chorado quando descobri que a mãe da Chita não amamentou o Tarzan quando ele era um bebê com fome. A dor é de quem tem e eu tenho a minha dor."
