Caetano Veloso fez declaração polêmica ao falar sobre a própria (ex?) bissexualidade no encerramento do evento literário Flip 2020, no sábado 5.
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No evento on-line, o artista afirmou que os 54 dias em que ficou preso durante a ditadura militar minaram sua atração sexual por homens.
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"Fiquei numa solitária. Depois de alguns dias sem ninguém falar comigo, deitado no chão, houve uma espécie de apagamento do meu reconhecimento de mim mesmo. Senti que Narciso estava, de fato, em férias", afirmou Caetano na mesa de debates que tinha também a participação do filósofo Paul B. Preciado.
"O espaço muito masculino da prisão militar causou outro apagão no Narciso aqui, que foi da atração sexual e sentimental por homens. Fiquei com rejeição sexual em relação à figura dos homens, que eu não tinha", revelou.
"Aos 19, me apaixonei por um amigo. Apaixonar significa você sentir aquela imensidão dentro da sua alma na presença da pessoa, no pensamento, nos sonhos. Não teve história, porque ele não quis. Podia ter me casado com ele, e tenho certeza de que meus pais assimilariam muito bem."
Ele continua o relato dizendo ter sempre rejeitado o rótulo de bissexual. "Mas muitas pessoas que eu conhecia usavam essa expressão 'bissexual' para efeitos muito inautênticos. Então eu dizia: 'também não quero esse (termo)'."
Caetano e Gilberto Gil foram presos em 27 de dezembro de 1968, no Rio de Janeiro, acusados de desrespeitarem o hino nacional e a bandeira brasileira. Ele foram soltos em 19 de fevereiro do ano seguinte. Partiram, com suas esposas, para o exílio na Inglaterra em meados de 1969 e retornaram ao País no início de 1972.
Sua experiência na prisão é tema de Narciso em Férias, livro recentemente lançado pela Companhia das Letras.