O ator Gero Camilo contou episódio em que foi falsamente acusado de dever a um garoto de programa enquanto era assaltado e alvo de homofobia.
Natural de Fortaleza, o ator de 54 anos já morava em São Paulo na época, mas estava em sua cidade natal a passeio, explicou ele ao programa Que História É Essa, Porchat?, do GNT
Num domingo à noite, após assistir a uma comédia no teatro, Gero atravessava o centro da capital cearense sozinho quando percebeu que um homem o seguia, do outro lado da rua.
"Continuei caminhando, eu apressava, ele apressava. Quando foi chegando a sombra dele, eu senti que ele me pegou, muito rápido, eu me livrei e saí correndo", relembrou Gero.
O artista, então, se recorda que, enquanto corria, gritou, sôfrego, apenas uma vez a palavra "socorro".
Na fuga, ele se dirigiu ao prédio dos Correios, que ele sabia que contava com vigias, na esperança de obter ajuda.
Chegando lá, no entanto, ele se surpreendeu com a história que o assaltante inventou e com a homofobia do guarda.
"Na hora que eu chego no vigia e falo 'socorro, o cara está tentando me assaltar', o assaltante chega e fala assim: 'Esse cara me deve'."
Gero insistiu que o homem era um assaltante, mas o criminoso falava: "Ele me deve, ele me deve, ele é viado".
"Na hora, o vigia, 'homofobicamente', já se colocou na posição de hétero dele", apontou o artista.
"Na hora em que o vigia estava me entregando ao assaltante, aquele grito lá atrás que eu dei correndo, foi um milagre, a polícia ouviu esse grito e chegou."
Os dois policiais, então, levaram o ator e o assaltante para a Praça dos Leões - famoso ponto de prostituição masculina na cidade - que fica ao lado e os ouviu separadamente.
Mesmo falando a verdade, Gero não foi acreditado de pronto pelos agentes. Eles insistiram que ele pagasse o suposto programa com o homem que ele nunca havia visto.
O assaltante ainda inventou que fazia três meses que ambos se conheciam.
O que salvou o ator foi uma carteirinha que ele trazia no bolso e mostrava que estava matriculado na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP). Ele explicou aos policiais que estava apenas de férias em Fortaleza e que havia acabado de chegar.
Os agentes questionaram se ele queria fazer denúncia contra o criminoso, mas avisaram que a delegacia ficava longe tentando desestimulá-lo a registrar boletim de ocorrência.
Gero concordou em deixar para lá e os policiais iriam liberar ele e o assaltante ali, no mesmo lugar onde estavam. Desesperado, ele insistiu que ao menos os agentes o deixassem longe da praça, num lugar seguro.
Assista ao depoimento:
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