A expectativa era grande para quem ia participar da 20ª Parada do Orgulho LGBTS de Brasília. O anúncio era de abertura inédita, novo formato de marcha e show musical, algo raro na manifestação. Aos poucos, as promessas se concretizaram e parece que o público aprovou.
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Conforme previsto, a concentração foi realizada na Alameda das Bandeiras, logo em frente ao Congresso Nacional, a partir de 14h. De início, a Polícia Militar proibiu a entrada de trios na via. Foi preciso intervenção da Associação da Parada do Orgulho LGBTS de Brasilia para a ocupação.
A presença do público foi pequena na primeira hora, mas, ao contrário de anos anteriores, logo as pessoas começaram a se aglomerarem ao redor dos dois trios da marcha: Uber/Associação da Parada/Victoria Haus e Virgens da Asa Norte/Capital Club.
Por volta das 16h, teve apresentação do cantor Filipe Friákra, gay e com repertório nacional bem animado e que foi de Anitta a Ney Matogrosso. Antes e depois, discursos de diversos representantes de entidades LGBT do DF, além da Anistia Internacional, conjunto de embaixadas, a ex-deputada distrital e federal Maninha (Psol) e a parlamentar Erika Kokay (PT). O grito de Fora Temer foi constante e com grande resposta do público.
Com o tema "Religião, não se impõe. Cidadania, se respeita", focado na defesa do Estado laico, a caminhada teve início marcado por uma bandeira arco-íris formada por 300 balões, soltos com ordem da organização. O público aprovou o céu todo colorido em frente ao Congresso Nacional.
A marcha saiu com muita gente. De acordo com a organização, foi uma das maiores concentrações de público nessa fase da parada. Era o prenúncio de recorde.
O novo formato da marcha começou a dar as caras perto do Teatro Nacional: surpresas que ocorrrem ao longo de percurso, chamadas de momentos. Nesse ponto, o trio principal ganhou muitos balões cilíndricos agitados por quem estava no veículo. Logo, centenas deles foram jogados ao público. Era o Momento Farra, festa da Victoria Haus.
Como sempre, a passagem pela Rodoviária do Plano Piloto empolgou a todos. O beijaço pedido pela organização foi bem atendido pelo público, que também se manifestou quando foi lembrado que funcionários da Pastelaria Viçosa do local são acusados de discriminar uma travesti. O caso está sob investigação.
Na varanda do Conjunto Nacional, o segundo momento: com iluminação especial, o grupo de dança Hands Up fez coreografia de vogue. Mais à frente, nas imediações do planetário, outro ponto alto: a festa Brave montou um palco e, com fogos de artifício, colocou performers para dançar. O produtor Rodrigo Antonello, responsável pela label, também fez parte do agito.
E como é parada, não ficou só na dança. Em frente ao Palácio do Buriti, houve tanto a lembrança de que há um ano a mesma manifestação vaiava o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) por não ter regulamentado a lei nº 2.615, que penaliza a discriminação por orientação sexual, quanto o pedido de aplausos ao governante por ele ter atendido a essa demanda da comunidade LGBT nessa sexta 23.
Em frente à Câmara Legislativa, dando outra pausa nas muitas músicas de Anitta e Pabllo Vittar, houve discurso pelo Estado laico e contra o conservadorismo dos deputados distritais.
Por volta das 23h, enfim, chegou ao fim o ato. O balanço da organização foi positivo. De acordo com avaliação do grupo, a marcha alcançou 60 mil participantes, recorde das 20 edições. Segundo a Polícia Militar e o serviço de ambulâncias contratado pela associação ativista, a parada foi de paz e houve apenas ocorrências amenas.
Ao fim, ficou já plantada a semente para 2018. Foi anunciado que o tema será voto consciente da comunidade LGBT! Que venha a 21ª!