Por toda sua força econômica, social, cultural e identitária, o turismo gay deve receber sempre seriedade nos atores que se propõem a reconhecê-lo e fortalecê-lo.
Nós, da Rede Guiya, que estamos no mercado há pouco mais de cinco anos em plataforma impressa e on-line, temos como missão diária oferecer tal seriedade no trabalho a vocês leitores, à comunidade arco-íris, aos empreendimentos LGBT, aos agentes do poder público de turismo e ao setor de viagens de forma em geral.
Sem se propor, realmente, a fazer o melhor e superar os erros, não teríamos motivação tampouco coragem para nos colocarmos em ação e em público.
É por conta desse compromisso, o qual é amplo e profundo, que é necessário criticar agentes que não fazem jus à tarefa valorosa que é atuar no turismo arco-íris.
Nesse sentido, devemos pontuar o quanto é falha e, ao fim, negativa, a proposta do site TripAdvisor - autointitulado maior plataforma de turismo do mundo - de reunir reportagens e supostos guias turísticos como fonte de informação para viajantes LGBT.
Os erros se acumulam. Primeiramente por chamarem de guia turístico os compilados que suas fontes, geralmente blogueiros sem formação jornalística - e sem o afinco característico dessa função - elaboram.
Punhados de 10 lugares não demonstram nem de longe toda a vida arco-íris de uma grande cidade. Entretanto, é o que fazem.
É desrespeito a tudo que essas metrópoles podem oferecer e a quem as visita.
Que tais autores elaborem seus textos, são livres para tal, claro, mas jamais que os intitulem como guias ou tentem enganar quem os lê passando a ideia que sua pequena lista traduz a cena LGBT do local dos quais tratam.
Chamem, por exemplo, de "lista com dicas de 5 lugares" ou "10 lugares que achamos interessantes". Assim, darão a devida e positiva contribuição ao turismo do nosso segmento.
Respeitem o sentido da palavra guia, um compêndio, para além de gostos pessoais e combinações comerciais escondidas, de o máximo possível de lugares com a mesma determinação de dados a respeito de características deles.
Outro ponto de rechaço é, ainda dentro dos raquíticos apontamentos que realizam, incluir locais que nada possuem de identidade LGBT.
Dentre os absurdos que se vê há museus, churrascarias, restaurantes, lanchonetes e hotéis de público geral.
Se é inaceitável fazer guia religioso e citar clínicas de massagem, se é reprovável fazer guia para terceira idade e incluir boate sem frequência desse público, que não se aceite também tais informações vazias quando se fala de viagens, turistas e a identidade arco-íris.
Viajar é, para quem se desloca, busca de boas experiências, e não integrar, sem o devido retorno, permutas alheias, e deixar de aproveitar o que cada destino turístico possui dentro de toda diversidade de roteiros específicos.
Orgulho de ser quem se é e/ou de fazer um trabalho sério, itens obrigatórios em nossa bagagem como comunidade e como profissionais.