5,8% dos gays e bissexuais têm HIV em Brasília, diz pesquisa

No País, taxa de infecção neste segmento foi de 18,4%

Publicado em 11/06/2018
5,8% dos gays e bissexuais de Brasília têm HIV
Metade dos entrevistados nunca havia sido testada para o vírus

Um estudo realizado com homens que fazem sexo com homens identificou que 5,8% deles tem HIV em Brasília.

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Encomendada pelo Ministério da Saúde e publicada na revista internacional Medicine, a pesquisa foi realizada em 12 capitais brasileiras.

A capital do País ficou em último lugar dentre as cidades pesquisadas. São Paulo apresenta maior índice de infecção pelo vírus (24,8%), seguida por Recife (21,5%), Curitiba (20,2%), Belém (19,2%), Rio (15,3%), Manaus (15,1%), BH (14,5%), Porto Alegre (10,5%), Fortaleza (10%), Campo Grande (9,5%), Salvador (8,6%) e Brasília (5,8%).

Dos entrevistados, 83,1% se declararam gays; 12,9% bissexuais ou heterossexuais e 4% outros. 

O estudo recrutou pessoas (chamadas sementes) para serem entrevistadas e testadas para o HIV duas vezes. Estas, por sua vez, indicavam outras pessoas com perfil parecido. Metade dos homens nunca tinham sido testados na vida.

Ao todo, 4.176 homens foram entrevistados e 3.958 aceitaram ser testados. Destes, 18,4% tiveram resultado reagente (positivo) para HIV. Em uma pesquisa anterior, de 2009, o número de infectados no País era de 12,1%.

Por idade, 58% tinham menos de 25 anos e 42% mais de 25 anos; 59% possuíam ensino médio ou superior incompleto e 11% superior completo; 43% pertenciam à classe C, 41% às classes A e B, e 16%, classes D e E; 83% afirmaram ser solteiros, 10% em união estável com homem, 4% casados e 1% em união estável com mulher.

A pesquisa apontou que entre 15 e 19 anos, a taxa de soropositivos triplicou (de 2,4 para 6,7 casos por 10 mil habitantes). Entre 20 e 24 anos, o índice dobrou (de 15,9 para 33,1 casos por 100 mil). Dados do Ministério da Saúde mostram que só 56,6% dos jovens entre 15 e 24 anos usam camisinha com parceiros eventuais.

Para Lígia Kerr, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) que coordenou ambas as pesquisas, a falta de campanhas preventivas é uma das explicações para o alto número de infecções.

"Foi uma pressão muito grande da bancada conservadora que a gente chama de bala, boi e bíblia. Cartilhas que falavam sobre sexualidade e que já estavam impressas foram proibidas de ser distribuídas nas escolas. Foram proibidas propagandas de TV. É como se a aids tivesse desaparecido", contou à Folha de S. Paulo.

Para a professora, os jovens começam a vida sexual sem nada que lhes lembre da aids. A redução do uso de preservativos e a busca por parceiros em aplicativos de encontros (que pode levar a um número maior de parceiros e relações desprotegidas) também são apontados como corresponsáveis pelos índices alarmantes de contágio pelo vírus.


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