Por Welton Trindade
Era 2014. Rodrigo Rollemberg (PSB) era, no segundo turno com Jofran Frejat (PR), o único candidato ao governo do DF com ações pró-LGBT no plano de governo. A capital federal escolheu o certo do ponto de vista da cidadania.
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Veio então a posse do político que tinha no currículo foto recente na época em que segurava cartaz contra homofobia e a autoria da lei contra discriminação por orientação sexual do DF.
Entretanto, o cinza tomou conta das expectativas. O termo LGBT no nome da secretaria criada nos primeiros dias da gestão deu lugar a diversidade. E ainda caiu no organograma. Isso por pressão da bancada evangélica. Tempos de cruz e negligência se iniciaram.
O ano de 2016 foi de altos e baixos. Logo no início do ano, o Governo de Brasilia criou a Delegacia contra Intolerância, a Decrin, especializada em atender vítimas de discriminação, aí também LGBT. Grande passo!
Entretanto, meses depois, diversas paradas LGBT do DF passaram a reivindicar a regulamentação da lei distrital número 2.615, aquela proposta pela então deputada distrital Maninha juntamente com o colega de parlamento que ocuparia o Palácio do Buriti.
Esse grito do movimento vinha desde 2000. E como foi surreal ter de cobrar frontalmente de um dos propositores da normal legal o detalhamento que possibilitaria sua melhor aplicação.
O ano de 2017 começou com um bom sinal. Para celebrar o Dia Nacional da Visibilidade Trans, Rollemberg assinou decreto no Palácio do Buriti que reconhecia o nome social em todo o Poder Executivo. Uma grande placa tectônica começava a se mover.
E não é que, em 23 de junho, dias antes da 20ª Parada do Orgulho LGBTS de Brasília, o governador recebeu ativistas para, enfim, regulamentar a 2.615! E não só: criou conselho distrital LGBT.
A bancada evangélica conseguiu sustar a regulamentação. Eis que o antes medroso (e refém politicamente dos conservadores) Rollemberg logo entra na Justiça para suspender a anulação obtida pelos propalados seguidores do Deus-que-discrimina. A briga aí continua sem finalização.
Quase dois meses depois, onde estava o pessebista? Na inauguração do primeiro ambulatório trans do Distrito Federal. Enfim, travestis e transexuais da capital federal e do Entorno obtiveram local para atendimento de saúde integral.
Nessa caminhada, justo reconhecer o papel de dois ativistas LGBT que ocupam cargo na coordenação da Diversidade do Governo de Brasília: os persistentes Flavio Brebis, gay, e Paula Bennet, transexual.
Mas não houve apenas avanços. Mais recentemente, depois de a Secretaria de Cultura fazer portaria com previsão de reconhecimento da cultura LGBT, o governo voltou atrás e fez uma nova com inclusão de outros segmentos. Precisou dar uma diluída. Pressão de quem diz agir em nome do Deus-que-discrimina. Será o fiim da coragem do Buriti?
De toda forma, ao fim de 2017, o que se tem é algo histórico: nunca um governador do DF agiu de forma tão eficaz e compromissada com a cidadania LGBT.
Toda a comunidade LGBT do DF deve aqui agradecimento a Rollemberg por ter enfrentado a cruz perseguidora e dado mais arco-íris a cidade sonhada como futuro do Brasil.
Futuro...