Atualizada em 24/12/2018.
"Sim, aceito." "Sim, aceito". "Sim, aceito" O Brasil nunca ouviu tanto essa frase dita por casais de pessoas LGBT quanto nas primeiras semanas deste mês. E ao mesmo tempo.
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Nossa reportagem não registrou tantos casamentos coletivos arco-íris em um curto período desde 2013, quando o Conselho Nacional de Justiça, por resolução do então seu presidente, Joaquim Barbosa, obrigou todos os cartórios do País a converter uniões estáveis em matrimônios e também a realizar esses últimos diretamente.
A onda, antecipada por mobilização voluntária, tomou grande parte do Brasil. No total, foram 10 casamentos coletivos e 272 pares unidos entre a terça 10 e o sábado 22.
Em Maceió, foi cumprimento de tradição. Na terça 10, uma segunda-feira, foi realizada a terceira edição de casamento coletivo arco--íris. Apareceram frente ao juiz 36 pares de pombinhos.
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Quase ao mesmo tempo, 14 casais estavam do outro lado do Brasil, em Rio Branco, no Acre, celebrando seu amor e oficializando-o. A iniciativa foi da Defensoria Pública acreana e está no segundo ano.
Dois dias após, Teresina é que foi lugar para cerimônia de companheirismo e resistência identitária. Com organização da ONG ativista Matizes, oito casais disseram sim.
A onda, no dia 15, paulistanou-se. A ONG cultural e assistencial Casa 1 recebeu 40 casais, que saíram de lá com suas certidões de casamento.
No domingo 16, BH virou a capital do amor que deixou para trás o tempo em que não ousava dizer o nome. Com dinheiro arrecadado de vaquinha virtual e de dezenas de empresas locais e nacionais, 35 casais converteram-se em par de cônjuges.
Superlativa, a capital paulista teve segunda cerimônia desse tipo três dias após a primeira. Com apoio do governo municipal, 30 casais se uniram oficialmente em São Paulo, na terça 18.
Recife também foi generosa. No mesmo dia, com presença da cantora Fafá de Belém, 14 casamentos foram celebrados na região central (vídeo abaixo).
No dia seguinte, a poucos quilômetros, o amor uniu 46 casais em cerimônia realizada no bairro de Afogados, zona oeste da cidade.
Em Porto Alegre, três casais se uniram no sábado 22 na Ilha da Pintada, região que integra o bairro de Arquipélago.
No mesmo dia, em Ananindeua, na Grande Belém, nada mesmo que 46 casais participaram de celebração coletiva. O cartório do 4º ofício não cobrou nada dos nubentes.
Padrinho indesejado
Sim, algumas cerimônias em 2018 foram continuidade de projetos. Entretanto, mesmo nesses casos quanto nos inéditos, as falas de LGBT e de quem organizou os eventos tiveram um nome tão citado quanto amor e felicidade: Jair Bolsonaro.
Muitos colocaram o receio de que o futuro presidente do Brasil cancele o direito à união entre pessoas do mesmo sexo a decidirem-se se casar ou tomar a iniciativa de propiciar que casais de baixa renda LGBT pudessem se unir às pressas.
O nascedouro desse receio foi fala da jurista Maria Berenice Dias, poucos dias após a vitória do ex-capitão,em outubro. Ela afirmou que assim que tomasse posse, em 1º de janeiro, Bolsonaro pode fazer decreto que anule o direito à união homo.
A opinião dela foi rechaçada por muitos operadores do Direito e classificada de alarmista. Para eles, um ato do Poder Executivo não tem capacidade de anular decisão do Poder Judiciário.
Outro ingrediente pretensamente tranquilizador foi acrescentado ao a pastora Damares Alves ser indicada ministra dos Direitos Humanos. À imprensa, a religiosa disse que o casamento homo é direito adquirido e que não haverá ação alguma do governo para mudar esse status.
Que, ao contrário do amor, o susto não dure!