Casal gay é agredido com barra de ferro por vizinho PM

Apesar de terem feito denúncia, não houve flagrante por homofobia

Publicado em 15/02/2022
Casal gay é agredido por vizinho policial em Belo Horizonte
João e Matheus eram constantemente insultados pelo vizinho

Um casal gay de BH precisou se mudar e apanhou após um ano de agressões verbais de um vizinho policial militar.

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O advogado João Augusto Maia, de 24 anos, e o namorado, Matheus Felipe Batista, 36, denunciaram a perseguição e violência das quais foram alvo.

No domingo 13, ao se mudar do apartamento no bairro Carlos Prates, Matheus recebeu golpes de barra de ferro do vizinho.

O episódio começou quando o casal foi esvaziar o apartamento após não aguentar mais a perseguição homofóbica do homem.

Ao perceberem que a fechadura estava com sinais de arrombamento, eles notificaram a imobiliária e decidiram fazer boletim de ocorrência na delegacia.

O vizinho de baixo ouviu a conversa e iniciou sessão de xingamentos.

"Em nenhum momento, eu disse à polícia que tinha sido ele", contou o advogado ao O Globo. "Ele ouviu a conversa, viu que estávamos lá e, peço desculpas pelos termos que vou reproduzir, já saiu gritando: 'Seus viados desgraçados, eu vou matar o primeiro que sair, vem cá que eu vou matar vocês dois'."

"Depois disso, nós fomos lá para fora e começamos a discutir. Ele se apresentou como policial, o que a gente nem sabia, e nos deu voz de prisão porque 'lugar de bichinha é na cadeia' e disse que 'bichinha tinha que morrer na cadeia, mesmo'. Nós então falamos que chamaríamos a polícia e voltamos para dentro de casa."

João continua: "Foi quando ele veio atrás e pegou uma barra de ferro de mais ou menos 1 metro, extremamente pesada, e acertou o queixo do Matheus e várias outras partes do corpo. A sorte é que ele conseguiu desarmá-lo e reagiu, em um ato de legítima defesa."

Barra de ferro usada na agressão pelo homem

Eles foram para a delegacia. João vê possibilidade de corporativismo por parte da polícia. Segundo ele, os oficiais não levaram as testemunhas que estavam dispostas a depor e não se apresentaram na Central de Flagrantes Regional Noroeste de BH.

Por causa disso, a situação de flagrante por crime de homofobia ficou desqualificada, diz o advogado, e o agressor foi liberado.

"Não sei se por falta de treinamento da polícia para casos como esse ou, não posso afirmar, mas desconfio, por corporativismo por ele ser policial. Mas nós vamos ajuizar para que seja instaurado um processo administrativo que apure a conduta desses policiais. O que a gente procura é Justiça."

Desde o dia em que chegaram à quitinete, eles foram alvo de perseguição do policial. Ao montar uma escravaninha e depois ao varrer a casa, João relatou que o homem bateu em sua janela reclamando de barulho, ainda que ações estivessem sendo feitas em horário comercial.

Aos poucos, ficou claro que as agressões eram motivadas por homofobia. "Um dia, eu ri enquanto estava assistindo uma comédia e ele, do nada, apareceu na minha janela: 'Ri mesmo, seu desgraçado, sua hora vai chegar, seu viadinho, traveco'."

Há três semanas, o caso já havia parado na polícia. Matheus foi fumar na janela e o policial gritou: "Seus viados, maconheiros, desgraçados, eu vou acabar com a raça de vocês, o primeiro que sair da porta, eu vou matar!"

Matheus passou a discutir com o homem e a mulher do policial também começou a gritar que "bichinha tem que morrer". 

"Que gente como a gente não presta, que tem ir para o inferno, que somos travestis, várias palavras em tom pejorativo, extremamente pesadas e com ameças de morte", relatou João.

Matheus e João chamaram a polícia e o casal se encondeu quando os oficiais chegaram.


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