Por que Gay Games são ouro em hipocrisia, não em orgulho

Um evento só pode empunhar a bandeira arco-íris sem manchá-la se LGBT forem protagonistas. E não mero participantes

Publicado em 05/08/2018
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O que o evento oferece é marketing vazio e mancha na bandeira arco-íris

Nem tudo que emite cores arco-íris é orgulho. E neste sábado 4 teve início um triste exemplo internacional desse fato.

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Começou em Paris a décima edição dos Gay Games, competição realizada a cada quatro anos em rodízio de cidades.

O nome nos toca. As peças publicitárias geram identificação. A proposta, vista por alto, nos dá alegria. Enfim, a questão de LGBT no mundo esportivo, tão necessária, estaria em evidência... Não, não está. Pelo menos não de forma coerente e profunda.

Ao você ver, por exemplo, os times e pessoas que competem em alguma das dezenas de modalidades, você poderia pensar: "Ah, bacana, um homem gay superou a discriminação no futebol", "Que positivo uma trans poder jogar vôlei aqui sem interdição", "Exemplar ver uma mulher bi no pódio. Vai quebrar barreiras e incentivar mais LGBT a continuar no esporte."

Pois o gol pode ser contra: os ditos Gay Games aceitam pessoas de qualquer orientação sexual.

Assim, um time de basquete na quadra da competição não é necessariamente um coletivo de homens homo, bi ou trans que estão ali como rompimento pessoal e social da discriminação. Pode ser só um grupo de héteros que sempre teve incentivo para jogar, competir e viver o esporte como bem quis.

Oficialmente, a organização afirma que o evento é de inclusão, por isso, a única exigência é que o ser humano, o bípede, tenha acima de 18 anos. E só!

O que é propalada como inclusão e diversidade não passa de hipocrisia. 

Razão é o fato de os jogos não serem LGBT. São apenas uma olimpíada de amadores que usam a causa LGBT para se exibir e se diferenciar. Marketing vão.

Nenhum problema, claro, em serem jogos para qualquer tipo de pessoa. Que seja e parabéns. Apenas que não usassem a questão LGBT como vitrine oca.

Estão sem criatividade? Fiquem com o nome Diversity Games. Sem royalties. O pagamento será o fim da mentira.

Não deixar heterossexuais cisgêneros competirem não seria exclusão. Seria identidade. Afinal, jogos femininos não excluem ao impedir homens de jogar. Apenas possuem compromisso com um segmento.

Ora, um evento só pode empunhar a bandeira arco-íris sem manchá-la se LGBT forem protagonistas. E não meros participantes.

Exemplo de como se deve fazer há aqui mesmo no Brasil. A 1ª Copa Gramado de Futsal LGBTI, a ser realizada no fim de agosto, determinou que todos os competidores serão LGBT.

Hétero cis podem integrar o evento? Sim, em funções fora das linhas das quadras e campo, tal como nas funções de treinamento ou preparação física.

Gay Games não tem lugar para o orgulho no pódio. A grande derrotada é nossa causa.


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