Amor e gratidão! Personalidades arco-íris falam de suas mães

Geralmente quem mais aceita seus filhos e filhas LGBT, mães recebem linda homenagem

Publicado em 10/05/2020
Famosos LGBT dão depoimento para o Dia das Mães: Lorelay Fox, Marina Reidel, Rose Nogueira e Tchaka
Lorelay Fox, Marina Reidel, Rose Nogueira e Tchaka: reconhecimento ao amor de suas mães

Ainda que existam muitas mulheres preconceituosas, é comum que uma pessoa que se descobre LGB ou e/ou T receba mais abertura para dialogar com a mãe do que com o pai, isso quando ele ainda é presente na família. Cerca de um terço dos lares brasileiros têm mães sozinhas como pilar.

Curta o Guia Gay Brasilia no Facebook

Mães precisam, ao mesmo tempo, assimilar uma realidade nova dos filhos e defendê-los - seja dos pais, parentes, vizinhos, desconhecidos. Amor incondicional, eis a explicação.

No Dia das Mães, celebrado neste domingo 9, pedimos a quatro personalidades arco-íris que se destacam em suas áreas a homenagear suas mães. E o que veio? Muito amor, reconhecimento e gratidão! 

Lorelay Fox, artista, apresentadora e influenciadora

Drag queen Lorelay Fox e a mãe, Eliana

"Eu me assumi gay para minha mãe, que se chama Eliana, quando eu tinha 16 anos e foi fácil porque ela chegou e perguntou se eu era gay. Mas aí chegou a hora de eu assumir que era drag queen e isso já é bem mais complicado. Eu tinha me inscrito num concurso de drags lá de Sorocaba (SP), e eu precisava fazer roupa, ter um look. Eu comprei os tecidos e mandei para a costureira fazer o look básico, mas eu queria bordar, fazer coisa e falei 'quer saber, vou ter que contar pra minha mãe, porque não tem como esconder isso dela. Ela vai me ver bordando uma roupa de mulher e vou falar o quê?'. 

Eu cheguei pra ela e contei que eu queria ser drag e tentei explicar, de cara, que drag não era trans, que eu não estava fazendo nada de errado, que era uma coisa artística, que isso não queria dizer que eu queria ser mulher. Porque as mães confundem muito drag com trans, tanto que isso é um dos primeiros vídeos que eu fiz. Elas têm muito preconceito com isso. Mas eu me surpreendi muito. Quando eu contei isso para a minha mãe, ela me disse que sempre soube que tudo que eu toco vira arte.

Ela falou exatamente isso pra mim e é uma coisa que eu repito sempre, porque 15 anos depois eu passei por muita coisa difícil, muita coisa ruim, pessoas me deixaram por eu ser drag, altos e baixos em tudo, mas essa frase nunca saiu da minha cabeça, que é um dos momentos de maior acolhimento que eu tive com a minha mãe, pautou tudo que eu sou agora. Hoje em dia, não importa mais o que as pessoas falam porque eu tenho essa confiança de que o que eu estou fazendo é arte e foi minha mãe que me mostrou isso. E estou morrendo de saudade dela."

 

Marina Reidel, diretora de promoção de direitos LGBT do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos

Marina Reidel, transexual, diretora de promoção de Direitos LGBT do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos

"Minha mãe, Edi Ilona, morreu há 20 anos. Falar de minha mãe é falar de amor e saudade. Uma mulher guerreira que lutou a vida inteira para termos uma vida digna e nunca aceitou injustiça. Lembro como se fosse hoje suas últimas palavras - você ainda vai ser alguém muito importante para outras pessoas e vai ter que lutar muito porque muitos não gostam do teu jeito de ser, mas eu estarei sempre contigo.

Se tivesse que escolher três palavras para sintetizá-la: amor, dignidade e sorriso. Saudades..."

 

Rose Nogueira, ativista, produtora de eventos, organizadora da parada LGBT de Florianópolis

Rose Nogueira, ativista lésbica, com a mãe, Dona Jovita

"Mãe, minha mãezinha, meu amor maior. Esse será praticamente nosso primeiro Dia das Mães a distância devido à pandemia do covid-19. Minha mãe, a Dona Jovita, de 67 anos, mora no interior de São Paulo, e está cumprindo a quarentena em casa. Mesmo longe, mãezinha, estaremos perto, pois o que nos une é forte, verdadeiro e inabalável.

És uma mãe carinhosa, doce e zelosa. Te amo além da vida e obrigada, mãe, pelos valores ensinados, pela compreensão sempre. Feliz Dia das Mães a minha mamis e a mamis de todos vocês! Viva as nossas rainhas."

Tchaka, artista e ativista

Tchaka, drag queen, com a mãe, Dona Branquinha, e o marido, Carlito

"Dona Branquinha, minha mamãe que tanto amo, é confidente, conselheira e extremamente crítica. Mamãe é pulso firme, guerreira, foi militante dos direitos humanos na juventude. Dona de casa por opção e extremamente cristã, já teve câncer e [continua] sempre leve, brincalhona e esperançosa.

Meu maridão Carlito, que é chef de cozinha, tem uma cumplicidade com ela e às vezes eles fazem programas sem minha presença, têm segredos só deles.

Ela é prática e faz o melhor charuto de repolho do universo. É vaidosa, dorme lambuzada de perfume e cremes. 

Mamãe Branquinha, te amo pra sempre. Feliz todo dia e feliz Dia de Todas as Mães."


Parceiros:Lisbon Gay Circuit Porto Gay Circuit
© Todos direitos reservados à Guiya Editora. Vedada a reprodução e/ou publicação parcial ou integral do conteúdo de qualquer área do site sem autorização.