Morreu às 21h12 desta terça-feira 4, no Rio de Janeiro, o ator Paulo Gustavo. Ele estava 42 anos e lutava contra a covid-19.
Paulo foi hospitalizado em 13 de março, no Hospital Copa Star, na zona sul carioca. No dia seguinte, ele postou homenagem ao marido, o dermatologista Thales Bretas, que fazia aniversário.
Mais
>>> Famosos lamentam morte de Paulo Gustavo
>>> Beyoncé homenageia Paulo Gustavo, seu fã declarado
"Hoje é aniversário dele, do amooooor da minha vida! Qualquer coisa que eu colocar aqui não será fiel ao que eu quero exatamente dizer pra ele! Então eu vou dizer ao vivo e fica aqui sendo apenas um post pra dizer pro Brasil inteiro que eu sou loucamente apaixonado por vc! Te amo", declarou Paulo.
Uma semana depois, no domingo 21 de março, após o jornalista Erlan Bastos divulgar que o ator foi intubado, a assessoria de imprensa de Paulo confirmou que seu estado de saúde havia piorado.
Durante a semana, os boletins médicos divulgados pelo hospital mostravam-se positivos e afirmavam que o artista respondia bem ao tratamento.
Em 3 de abril, entretanto, o estado de saúde de Paulo se agravou e ele foi submetido a novo tratamento chamado Ecmo.
A terapia consiste em colocar o paciente ligado a um aparelho que oxigena o sangue por membrana extracorpórea. O objetivo é deixar os pulmões se recuperarem enquanto se combate a doença.
Mais
>>> Paulo Gustavo doou R$ 1,5 milhão para hospital do câncer
>>> Paulo Gustavo doou R$ 1 mil para 120 pessoas na pandemia
No último domingo, após melhora - ele chegou a interagir com o marido e equipe médica - Paulo sofreu uma embolia gasosa.
Nesta terça-feira, no fim da tarde, boletim médico informou que seu quadro era irreversível.
A internação de Paulo causou comoção nacional. Centenas de celebridades e milhares de anônimos publicaram, em redes sociais, pedidos de orações e fé durante este período.
Um pastor que chegou a pedir pela morte do ator virou alvo de 32 entidades LGBT.
Vida e obra
Paulo nasceu em uma família de classe média de Niterói, Região Metropolitana do Rio, em 30 de outubro de 1978.
Em 2005, formou-se ator pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), uma das mais reconhecidas escolas de teatro do Rio de Janeiro.
No final do ano anterior, no entanto, ele já estava no palco integrando o elenco de Surto, espetáculo cômico que fez enorme sucesso na cidade e no qual surgiu a personagem Dona Hermínia, que o consagraria.
Após mais duas produções teatrais (Infraturas, com Fábio Porchat, e João Ternura, dirigido por Marcus Alvisi), Paulo levou Dona Hermínia para um espetáculo em que ela brilhava 100% do tempo: Minha Mãe É uma Peça.
A obra foi baseada sobretudo nas percepções de mundo de sua própria mãe, Déa Lúcia Vieira Amaral, mas também nas pessoas que o cercavam, sobretudo as mulheres - empregada, tias, mães de amigos.
A peça estreou em 2006 e nunca saiu do repertório do ator, tamanha a força de bilheteria que possuía em todo o Brasil.
A homossexualidade integra o roteiro por meio de um dos filhos de Dona Hermínia.
De jeito debochado e ótima caracterização, Paulo conquistou público amplo e variado com a peça, mas sobretudo de mulheres de meia idade e idosas que viam a si mesmas ou sua própria família encenada no palco.
"Esse espetáculo é uma homenagem às mães", declarou Paulo diversas vezes.
Muito antes de virar uma referência gay, o artista já era o filho e o neto que as mulheres maduras queriam ter. Por conseguinte, como a homossexualidade dele já era óbvia e depois assumida, o ator acabou levando a questão para a vida dessas milhares de mulheres que o admiravam e se encantavam por ele.
Nesta seara, a de influenciador gay, Paulo também sofreria críticas - não das mães, mas da militância LGBT.
Em dezembro de 2015, o ator se casou com Thales e selou a união com um abraço e não beijo. O comportamento é lembrado até hoje por parte de LGBT como falta de orgulho e visibilidade.
No entanto, nos anos seguintes, o ator foi destaque cada vez mais justamente em questões sobre direitos LGBT falando abertamente a respeito do assunto e mostrando uma família feliz.
O casal é pai de Gael e Romeu, de 1 ano e oito meses. Os bebês nasceram por meio de duas barrigas de aluguel. Gael tem DNA de Paulo e Romeu, de Thales.
Minha Mãe É uma Peça rendeu ainda três filmes - dois deles figuram dentre as cinco maiores bilheterias do cinema - e estrearia como série de TV, na Globo, este ano, segundo veiculou-se na imprensa no fim de 2020.
Na televisão, o ator fez participações em diversos programas e comandou, com sucesso, no Multishow, o 220 Volts (2011-2013 e 2016), junto ao amigo Marcus Majella; foi um dos destaques no Vai que Cola (2013-2017 e 2019-2020) e protagonizou A Vila (2017-2020).
Após uma década reinando na TV fechada, Paulo estreou na Globo em dezembro passado em um especial de fim de ano do 220 Volts. Gravado em meio à pandemia, com distanciamento e medidas de segurança, o programa contou com participações como de Deborah Secco e Angélica, além de Majella.