Nos últimos anos, não foram poucas as notícias sobre ter cuidados com encontros a partir de aplicativos gays. Mas falava-se de países de maioria muçulmana, tais como o Egito, e em uma realidade que parecia bem distante da nossa.
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As coisas mudaram. Em tempos em que o candidato favorito a ser eleito como próximo presidente do Brasil é Jair Bolsonaro (PSL), com inúmeras falas homofóbicas no currículo, os intolerantes têm saído ainda mais do armário.
Para dar mais segurança e ao mesmo tempo não deixar que uma possível ameaça impeça gays de continuarem se divertindo, o professor de música do Instituto Federal de Goiás Thiago Cazarim e e a designer gráfica Érica Saraiva produziram o manual "Quem Tem Cy Tem Medo - Pegação Segura em Tempos de Bolsonaro".
São, ao todo, oito dicas escritas de forma direta e bem-humorada - e com fundo nos tons do arco-íris - para continuar usando apps de encontros, mas redobrar as precauções.
A primeira delas, acertadamente, é fazer o oposto do que o Grindr, maior app gay do mundo, sugeriu. Segundo o manual, o famoso aplicativo, também com intenção de aumentar a segurança dos usuários, disse para não colocar foto de rosto. Errado! Quanto mais fotos de rosto no app, mais seguro ele fica.
A segunda dica é repensar se você quer encontrar alguém que sugeriu um lugar que você não conhece muito bem e que sequer forneceu seu número de telefone. "Não faz a loka, bi. Esses dados são muito mais importantes que aquela neca monstra que você viu na telinha do celular", diz o manual.
Enviar prints da foto e de informações, como número de telefone e localização da pessoa, para dois amigos confiáveis também garantem em parte sua segurança. A dica 4 é uma continuação desta: deixe o cara saber que tem gente que você conhece sabendo que vocês vão se encontrar. "Se for armadilha de Satanás, você já manda o capeta passear no inferno logo de cara", explicam.
A quinta dica é clássica e universal: marcar encontros em locais públicos. Saunas, bares, boates e sua própria casa são espaços seguros. Preferir hotéis a motéis, já que os primeiros pedem cadastro e costumam ter câmeras de segurança.
Um dos maiores templos de pegação gay, o "banheirão" deve ser evitado no momento, segundo o manual. "Você nunca sabe se aquele 'manja-rola' no mictório ao lado é um bolsominion disfarçado pronto pra te agredir."
A penúltima dica fala de deixar salvo nos favoritos contatos de pessoas próximas para que se possa ligar para elas de forma rápida em caso de uma emergência.
Por fim, caso o boy não esteja te inspirando confiança, o manual sugere trocá-lo por aquele com quem você já transou e tem segurança e tesão para encontrar de novo.
O manual encerra com uma reflexão. "Sabemos que os tempos são difíceis, mas precisamos enfrentá-los com coragem e inteligência. (...) Assim como mulheres não devem mudar a roupa que vestem para evitar estupros, nós não devemos mudar nosso modo de viver para evitar agressões."
O texto sugere também a participação em grupos virtuais e presenciais que discutam segurança e cuidado com agendas voltadas à comunidade LGBT. "O pertencimento e o reconhecimento coletivo ajudam a enfrentar o medo de sermos quem somos."
Em casos de agressões, o manual lembra os números de telefone a que se pode recorrer: 190 (polícia), 100 (Disque Direitos Humanos) e 180 (Central de Atendimento à Mulher, que inclui denúncias de agressões a lésbicas, bissexuais e transexuais).